Igualdade VS Equidade
Há
muito tempo, um aluno de 11 anos, em resposta a um desafio lançado dizia-me «(…)
porque nós somos todos iguais…». Sentindo-me impelida a mostrar-lhe que
isso não era necessariamente uma coisa boa, investi na preparação de uma aula
sobre a(s) diferença(s) e o desafio de irmos ao encontro dos outros de acordo
com as suas necessidades. Deparei-me com uma imagem que me fez refletir, e que
pôs “a coisa” em perspetiva! Não sei quem é o autor, mas o facto é que a usei
vezes sem conta a partir daquela data!
Esta semana, fui “desenterrá-la” pois foi a única coisa que me veio à cabeça há uns dias, quando folheava uma revista cor-de-rosa (a minha mãe compra-as quase como se fosse um ritual) na qual uma figura bem conhecida da nossa praça pública, entre poses e fotos com máscaras girííííssimas, alegava que «não interessa quem tem ou não tem dinheiro, (…). Isto (Covid-19) atacou tudo e todos e mostrou que somos todos iguais.» (juro que me veio logo à memória a imagem do mais pequenino a tentar “ver a bola”)! Ora, ou esta figura não tem visto as notícias ou, tal como os miúdos mais pequenos, confunde claramente conceitos desiguais, vivendo no seu universo de ideias (pré)concebidas e adaptadas à realidade que a torneia! Não podendo (nem querendo) julgar, fica claro que grande parte das pessoas que vivem com determinados privilégios (financeiros ou outros) não toma real consciência das condições de vida de outros que não se lhe são próximos! Entre outras coisas, e ao contrário desta ideia que fez capa de revista, “isto” veio mostrar que: (a) em vez de iguais, somos (todos) vulneráveis e a doença não escolhe idade, raça ou status social (mas, isso, já sabíamos… nunca foi de outro modo); (b) há famílias em reais dificuldades, sem rendimentos extra, sem trabalho ou sem forma de pôr a render os seus talentos, pois dependem diretamente dos seus empregos para provir os que de si dependem; (c) os nossos governantes não privilegiam uma visão de futuro, de auxílio às famílias e de investimento em infraestruturas de apoio para os serviços essenciais e (d) a instituição “família” ainda é (e continuará a ser) o alicerce de tudo e, como tal, deveria ser considerada, respeitada e ter a possibilidade de uma vivência tranquila, com a confiança de que, em caso de necessidade, os bens essenciais estão assegurados (quase que me dá vontade de rir (ou chorar) a escrever isto…)!
Mas, acima de tudo, e na minha opinião muito própria, ficou claríssimo que a “tal” igualdade é um conceito ambíguo que, usado excessivamente, cria disparidades extraordinárias! No tempo em que os nossos dias se pautarem pela Equidade, proporcionando a todos a possibilidade de “ver o jogo” da vida em condições dignas, adaptadas às necessidades de cada indivíduo … talvez nesse dia tenhamos uma sociedade imparcial, que proporciona a todos, de forma inequívoca, a possibilidade de cada um ser a melhor versão de si mesmo, o que quer que essa versão seja!
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