Os nossos heróis
Quando
era uma menina (mesmo menina) adorava andar na rua de mão dada com o meu pai!
Era um homem de poucos afetos, rigoroso consigo e com os outros, cumpria
cirurgicamente os horários a que se propunha e não permitia faltas de educação
(de uma maneira geral… mas dizia que, à mesa, se percebia a real formação das
pessoas). Mas também era um homem de princípios incontornáveis! Não quebrava
uma promessa, era educadíssimo com toda a gente, não esquecia quem fazia bem
aos “seus”, era organizado até à exaustão (com o que de bom e mau isso traz) e
tinha umas mãos lindas. Talvez seja por isso que gosto de observar as mãos dos
outros… há quem diga que as mãos são o segundo rosto! Nunca olhei para ele como
meu “herói”, mas hoje que já não se encontra entre nós, consigo perceber a “sua
presença” em tudo o que faço, e valorizo a sua vida e todas as lições que me
passou, às vezes de forma bastante intransigente.
Quem
estiver atento às suas próprias mudanças, percebe facilmente que os “ídolos”
vão saltando à medida que vamos necessitando de modelos, de acordo com a(s)
fase(s) da vida em que nos encontramos. Na minha adolescência, as paredes do
meu quarto eram povoadas com imagens de (alguns) cantores, (um) ator de cinema
e manequins não muito conhecidas, mas nas quais reconhecia uma forma de estar à
frente do seu tempo e uma capacidade de mobilização das massas, que permitia à
vida acontecer da melhor forma.
Hoje, já
não preciso ter cartazes colados nas paredes, e os meus filhos têm o conhecimento
do mundo e das pessoas na palma das suas mãos… Por isso, não tenho propriamente
heróis, mas sim o privilégio ser o que (e como) sou pela passagem de tanta
gente boa (e má) na minha vida, que me conduz, ajuda e forma nos melhores (e
piores) momentos da minha vida. Tenho um pouco de cada um em mim!
Com heróis ou sem heróis,
com ou sem referências mais ou menos conhecidas, youtubers e influencers
à parte, o que é importante é que estejamos disponíveis para o que os outros
podem trazer às nossas vidas (sem sentenciar as deles), e avaliar de que forma
a nossa existência pode ser mais significativa no mundo que nos rodeia. Mas sempre
em bom…!
Delicioso
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