A capacidade de (me) deslumbrar!


Lembro-me muitas vezes do “dono” deste olhar e sei exatamente onde, e em que momento, esta fotografia foi tirada! Quando o conheci, vinha cheio de ilusão, e com uma ânsia que combinava timidez com a expetativa de novos dias! Tudo o deslumbrava e, mais do que a experiência em si, era o seu olhar ávido de mais que me impressionava… às vezes até de forma desordenada, mas, para ele, nada era enfadonho (a não ser estudar, claro, mas nenhum de nós é perfeito)!

A capacidade de nos encantarmos é tangível numa determinada fase da nossa vida, mas, à medida que vamos construindo uma consciência mais apurada, vamos “fechando” o olhar às coisas mais simples. Criamos a expetativa de resoluções que nunca chegam e vivemos no constante limbo do que “podia ter sido”, e nunca foi!

Ultimamente, temos sido forçados a olhar para o tempo de outra maneira. Inevitavelmente, passámos a existir de outro modo, e a encaixar os planos a longo prazo entre as paredes nas quais passámos a passar a maior parte dos nossos dias! Esta desaceleração provocou em mim a necessidade de "abrir os olhos” mais do que o habitual, a impregnar-me do que me rodeia, a apreciar os pequenos nadas e, mentalmente, a (re)visitar outros tempos em que tudo parecia menos complexo!

Tal como o “dono” deste olhar, deixemo-nos deslumbrar… deixemos os nossos sentidos vigilantes para as coisas simples, para o que o dia nos trouxer, mesmo que não seja o que estávamos à espera.

Só por acaso, talvez seja melhor!

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